quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Tolerância Zero




Abordagem de rotina:
  • Tu aí na esquina. Encosta na parede.
  • Eu?
  • Não o imbecil. Tá vendo minha mãe no teu lado?

Multa e guincho:
  • O senhor vai me multar?
  • Não. Isso é uma receita de bolo.

Prisão:
  • Seu guarda, posso explicar?
  • Pode sim. Pro juiz no dia do julgamento.

Tiro Curto



-          Seu policial, eu quero que o senhor retire aquele carro ali do outro lado da rua.
-          Qual, senhora? Aquele ali estacionado perfeitamente de acordo com o Código Nacional de Trânsito?
-          Aquele mesmo. Eu não consigo retirar o meu carro da garagem.
-          Senhora, com todo o respeito, na sua garagem dá para estacionar um caminhão 608.
-          Então quer dizer que não tenho direitos?
-          Tem sim. A senhora tem o direito de voltar para a auto escola.
2

-          Seu policial, eu quero fazer um registro contra minha vizinha.
-          O que foi que ela fez, senhora?
-          Ela me chamou de louca. Eu não sou louca. Acontece que toda noite o safado do marido dela vira lobisomem e tenta entrar aqui em casa.
-          Ah! Por acaso não tinha também um disco voador estacionado no seu quintal?
-          Como é que o senhor sabe???
3

-          Ô tio! Me dá uns trocados?
-          Dou sim. Se você me conseguir dez mil reais.
-          Tá louco tio?
-          Não. Com dez mil eu pago os três empréstimos consignados, pago licenciamento do carro, pago o conserto da viatura que bati, o posto de gasolina, a farmácia e o mercado. Aí sobra uns trocos para te dar.
4

-          Seu policial, com todo o respeito. O senhor vai para aquele lado?
-          Por quê?
-          Se for, o senhor me dá uma carona?
-          Mesmo que fosse não dava. Por acaso você está vendo lá naquela viatura a palavra taxi?
-          Que é isso seu? Eu não sou bandido. Pago meus impostos e o seu salário?
-          Ah é? Então você visita a cela da delegacia só para admirar a arte moderna das paredes? E trate de pagar mais imposto, meu salário tá baixo demais.
5

Primeiro dia de liberdade do vagabundo após 11 anos e seis meses de prisão. Preso novamente por espancar a mulher.
-          Eu sou trabalhador seu. Isso é uma palhaçada!
-          É? E eu sou o quê? O vagabundo que cumpriu 11 anos de cadeia? Plaft!!!
6

Grupo de viciadinhos em frente à um colégio ao serem abordados:
-          Perderam alguma coisa aqui ô cambada?
-          Não senhor.
-          Então vamo vazá porque logo, logo, vão achar meu cacetete no lombo.

Macho Até Debaixo D'água


Não é todo o oficial da polícia que põe o dedo na cara de vagabundo. Não basta ter estrelas, tem que ser macho, até debaixo d'água.

Este personagem chegou aqui vindo da região metropolitana. Baixinho, invocado, cara de mau. Era o primeiro a dar voadeira na hora que o bicho pegava. Lembro a noite em que ele, sozinho, o resto da tropa ficou no lado de fora, apavorada, entrou bar adentro, quebrou tudo, e ainda trouxe o vagabundo pelo pescoço. Taco de sinuca virou palito de dente na mão dele.

Pois bem. Outro dia estava esse Maçaranduba atrás de um ladrão que havia fugido de charrete. Foi no dia da enchente aqui na cidade. O infeliz do ladrão teimou em fugir para a região alagada, com carroça, cavalo e tudo mais.

Foi aquele corre daqui, pega dali, pára senão te mordo, etc. E nada do meliante parar, ao contrário, se embrenhou entre as casas alagadas. Tiveram que pegar caminhão, trator, cipó e cauda de cometa para entrar na enchente, bem na beira do rio. Numa ruazinha esburacada que é ponto turístico na cidade. Não por causo do rio, mas pelos buracos.

Eis que o dito policial oficial, macho, com água batendo um palmo abaixo do umbigo, posta-se em frente de uma residência onde supostamente o ladrão teria escondido as muambas e brada, a todo pulmão para o morador.

  • Abre a porta! É a polícia, vamos entrar.

O morador, tranquilamente assistindo à cena pela janela, rebate.

  • Não vem não.
  • O quê? Tá querendo dizer que não vou entrar?
  • Não vem não.
  • Olha aqui o safado. Vou entrar nessa porra de casa e vou te encher de porrada pra tu aprender a respeitar polícia. Imbecil fedorento.
  • Não vem não.
  • Tá me tirando? Tá rindo da polícia ô vagabundo. Agora tu vai ver.
  • Não vem não.

O nobre oficial, mais estufado que sapo boi de tanta raiva, mira a porta da casa e avança, passo firme, decidido, a baba escorrendo no canto da boca. A água já batendo no saco.

O morador ainda tentou repetir mas não concluiu a frase

  • Não vee....

Sumiu. O oficial sumiu, literalmente. Só ficou o boné boiando. O morador tentou avisar quer tinha um valo bem na frente. Não adiantou.

Pula Sargento na água, Soldado, cachorro, até gato deu uma de salva vidas. Fudeu.

Pior que pinto na chuva, o macho arromba a porta e não encontra porcaria nenhuma. Sem comentários. Houve estresse demais.

Não sei se o mico maior foi cair no valo, ou conduzir a charrete até a DP, fardado, encharcado e com os fósforos molhados.